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Uberlândia, coração do Triângulo Mineiro, desde muito tempo recebe brasileiros vindos de outras cidades e outros estados. Um dos motivos é sua localização, próxima da região centro-oeste, sudeste e nordeste do Brasil. O outro tem a ver com as grandes oportunidades de emprego e de uma vida melhor que o crescimento da cidade tem proporcionado a centenas de pessoas.

 

Os nordestinos compõem grande parte dessa migração rumo ao Triângulo Mineiro. Segundo uma reportagem de 2011 do Correio de Uberlândia, naquele ano, a comunidade nordestina já representava 10% da população da cidade. Número bastante representativo, não é mesmo?

 

Acontece que essa migração não é de hoje e já tem muita história.

A partir dos anos 70, Uberlândia e região começaram a abrigar esses migrantes nordestinos vindos principalmente do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, que geralmente vinham em busca de emprego em diversos setores da área urbana e rural. Por conta desse fluxo considerável, alguns nordestinos sentiram a necessidade de criar um espaço que pudesse reuni-los para que assim se conhecessem, preservassem suas tradições e principalmente compartilharem a saudade da terra-natal. Em 1988 foi então criada a Associação dos Nordestinos em Uberlândia (ANUDI). O pontapé inicial foi dado por “Seu Lima” (chamado carinhosamente assim por seus amigos), já falecido. Dona Rosa, viúva de Seu Lima, conta que o verdadeiro sonho do marido era reunir toda “sua gente” para não deixarem suas raízes de lado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dona Rosa, viúva do fundador da ANUDI. Por ser mineira e o marido nordestino, o casal representava bem a junção do "uai" e do "oxente".

 

Alcides Mello, sergipano apaixonado pelo nordeste, vive há 33 anos na cidade e é um expoente da manutenção da cultura nordestina em Uberlândia. Faz parte da diretoria da ANUDI e concilia o trabalho na Secretaria de Educação com apresentações de seus Cordeis, a criação de xilogravuras e também com o programa que apresenta aos domingos de manhã na Rádio Universitária, o “Canta Nordeste”. Para ele, os nordestinos “não migram por esporte, e sim por necessidade” e “tem no sangue a migração”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alcides como bom cordelista, escreve sobre vários assuntos, mas principalmente sobre o nordeste!

 

Para a Maria Betânia, atual presidente da Associação e que veio do Rio Grande do Norte para Uberlândia com os pais, é importante que os nordestinos se unam, preservem suas tradições e ajudem uns aos outros, principalmente os recém-chegados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maria Betânia, potiguara e atual presidente da Associação. Tem vontade saber quem são, o que fazem e reunir os nordestinos de Uberlândia.

 

 

A Fátima “do Mandacaru”, cearense e que preserva sua identidade cultural através de seu próprio sustento (tem uma barraca que vende tapioca no Mercado Municipal), tem na alma e na própria fala o espírito batalhador do brasileiro migrante. “Nós transformamos o nosso sofrimento em pérolas”, disse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima criou seu próprio cantinho nordestino em Uberlândia.

 

Para o Seu Lima, a Dona Rosa, o Alcides, Maria Betânia, a Fátima, outros com quem conversamos e tantos mais que estão espalhados pela cidade, talvez o mais importante seja garantir a sobrevivência, entretanto buscam sempre preservar suas raízes, sua identidade. Pode ser através do baião de dois presente na mesa, na leitura das obras de Suassuna ou então pelas músicas de Gonzaga. O fato é que a comunidade é representativa e tem uma cultura popular muito forte que eles costumam e querem preservar.

 

 

 

A COMUNIDADE

"Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

(...)"

(A vida do viajante, Luiz Gonzaga)

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