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Deixar o pedaço da própria história, a própria essência, o seio onde sempre há um refúgio não é coisa de “cabra frôxo”. Só os “cabra arretado” conseguem com muita luta e firmeza nos passos, sair das terras de onde viveram, e reconstruírem em outras terras, a própria história.

 

O que é que os seres humanos fazem para afirmarem a sua cultura em meio a tantas outras?

 

Ao que os nossos nordestinos em Uberlândia recorrem para resgatar os costumes de sua região diante de um mundo diferente?

 

Um dos aspectos marcantes para os nordestinos em Minas é a distinção que veem entre termos que designam uma mesma coisa. A exemplo, temos a canjica, assim dita pelos nordestinos, e que para os mineiros é mingau de milho-verde. A tangerina, que para os mineiros é mexerica e pala os sulinos, bergamota.

 

Há em todo o Brasil grande diversidade de termos e palavras que tem significados iguais, fruto de nossa miscigenação e por consequência, uma riqueza de culturas distintas. Essa troca promovida pela diversidade brasileira também traz aprendizado. É um compartilhamento de conhecimentos.

 

Maria Betânia de Sousa, presidente da ANUDI (Associação dos Nordestinos em Uberlândia), diz que descobriu em Minas a forma como era utilizado o Umbuzeiro pelos vaqueiros, uma árvore característica da Caatinga. Segundo Betânia “o Umbuzeiro retém muita água nas raízes, e os vaqueiros, quando iam no mato atrás do gado na Caatinga, cortavam essas raízes ali e bebiam daquela água”.

 

A saudade é companheira de viagem e de estada. A lembrança do clima, da vegetação, das músicas e das gostosuras típicas da região está sempre presente. Porém, para desenharem o próprio chão em outro chão, nossos nordestinos têm suas façanhas e estratégias.

 

Conversando com esses cabras, Rozalina Rodrigues Salomão (a Dona Rosa), viúva em Uberlândia de um nordestino, fala da Tapioca, do Vatapá e da Buchada de Bode, três dos principais pratos típicos da região e que são feitos aqui pela saudade e pelo amor à gastronomia nordestina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maria Betânia fala de Triste Partida, música que segundo ela, “é de chorar” e retrata a migração dos nordestinos.

"(...)

Distante da terra 
Tão seca mas boa 
Exposto à garoa 
À lama e o paul
Meu Deus, meu Deus 
Faz pena o nortista 
Tão forte, tão bravo 
Viver como escravo 
No Norte e no Sul 
Ai, ai, ai, ai"

 

Trecho da música Triste Partida, composta por Patativa do Assaré.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando se pensa em música nordestina, qual é o primeiro nome que se vê em mente? Luiz Gonzaga, vulgo #“Rei do Baião”. Ele é o responsável pela popularização dos ritmos do nordeste pelo Brasil, como o baião, o xote e o xaxado. Sua canção "Asa Branca" é hoje a mais lembrada pelos nordestinos, considerada um hino.

 

Jose Carlos Miranda, tesoureiro da ANUDI, diz  o que o lembra muito do Nordeste é a música Asa Branca.

                          

Gonzagão, como é apelidado carinhosamente, é pernambucano e começou a se apaixonar pela música bem cedo. Aos 13 anos comprou o seu primeiro instrumento, uma sanfona.

Tocando como sanfoneiro, acabou sendo descoberto por uma gravadora e gravou o seu primeiro disco. O sucesso foi instantâneo, mas só em 1945 gravou seu primeiro álbum como cantor e sanfoneiro, com a música "Dança Mariquinha".

Em 1989, Luiz Gonzaga é internado no Recife, e naquele mesmo ano vem a falecer. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                       Asa Branca, composta por Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.

 

Lembranças...

"Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

(...)"

(A vida do viajante, Luiz Gonzaga)

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